Imagine sem a Copa
24/04/2014
Atualmente o Brasil ocupa a 7ª posição no ranking mundial de realização de eventos internacionais da Associação Internacional de Congressos e Convenções, ICCA. Em 2012, realizamos 360 eventos internacionais, quase um por dia. A preparação do país para receber feiras, exposições, campeonatos esportivos, congressos e seminários é uma opção estratégica do Turismo. Trata-se de um segmento que atrai público qualificado com alto poder aquisitivo e contribui para outros setores da economia como o agronegócio (alimentos e bebidas) e a indústria (bens de capital).
Realizar megaeventos como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos é uma oportunidade única para os países aumentarem sua visibilidade internacional, anteciparem investimentos em infraestrutura, aumentarem a competitividade dos serviços e incrementarem o número de turistas internacionais.
O Brasil se uniu em 2007 para defender a sua candidatura como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 e comemorou junto a escolha. Assumimos a responsabilidade pela realização exitosa do evento. A Copa das Confederações serviu de laboratório para medirmos os benefícios que o mundial trará para o Brasil. Duzentos e quarenta e sete mil turistas nacionais gastaram R$ 346 milhões e 25 mil turistas estrangeiros mais R$ 102 milhões. Além das cidades-sede, outros 137 municípios foram visitados. Dos turistas internacionais que estiveram na Copa das Confederações, 75% afirmaram que pretendem voltar para a Copa do Mundo.
Levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica FIPE/USP revelou que apenas o evento-teste movimentou R$ 20,7 bilhões, agregou R$ 9,7 bilhões ao PIB brasileiro e gerou 303 mil empregos. Segundo o Sebrae, R$ 100 milhões foram gerados em novos negócios para as micro e pequenas empresas, e R$ 2,7 milhões em vendas de artesanato para turistas.
Para a Copa do Mundo, 10 milhões de ingressos foram solicitados por dezenas de países e territórios. Um total de 2,7 milhões de ingressos já foram vendidos, dos quais 43% para estrangeiros. Receberemos mais de 18 mil jornalistas credenciados, de cerca de 500 emissoras. Estaremos sendo assistidos durante trinta dias por mais de 3 bilhões de pessoas de todo o mundo. Trata-se, por tanto, de um momento único para promovermos nossas belezas naturais, cultura e hospitalidade.
O país está preparado para receber os turistas nacionais e estrangeiros. Realizamos com sucesso a Rio+20, a Jornada Mundial da Juventude Católica e a Copa das Confederações. Em 2013, o GP Brasil da Fórmula 1 foi escolhido o melhor organizado em uma eleição feita com as 11 equipes que disputaram o mundial. Um público altamente qualificado e exigente. Todos os anos, nossas cidades recebem público equivalente ao esperado para o mundial no réveillon do Rio de Janeiro (2 milhões de pessoas); no Círio de Nazaré, em Belém do Pará (2 milhões de pessoas); no Carnaval da Bahia (690 mil pessoas); no Festival de Parintins, próximo à Manaus (100 mil pessoas); no GP Brasil de Fórmula 1 em São Paulo (100 mil pessoas), o que nos permite afirmar que temos condições de realizar a Copa das Copas.
É legitimo que parcela da população e da imprensa questione a Copa do Mundo no Brasil ou até duvidem da capacidade do país em realizar acontecimento de tal magnitude. Responderemos com o sucesso do evento. Antes, porém, convido-os a reflexionar: imagina sem a Copa. O compromisso para a realização do evento promoveu a antecipação de investimentos, como no caso dos aeroportos, que receberão R$ 6,28 bilhões em infraestrutura, com 13 novos terminais de passageiros, que aumentarão em 81% a capacidade de recepção. Gerou a arrecadação de R$ 20 bilhões com as concessões, recursos que possibilitarão a melhoria de 270 aeroportos regionais. Nos portos, o valor chega a R$ 587 milhões, com a reforma/construção de terminais de passageiros em portos turísticos, como Fortaleza, Natal, Recife e Salvador. Na expansão da rede metropolitana de fibra ótica, estão sendo injetados R$ 233 milhões, para oferecer tecnologia 4G para a moradores e visitantes das 12 cidades-sede. Há ainda um conjunto importante de obras e melhoria de serviços, além de todo o investimento privado decorrente.
O mundial de futebol tem data para começar e terminar. Depois do apito final, os investimentos continuarão e teremos uma nação muito mais competitiva. Reflexos de um país que se movimenta não apenas para receber eventos de proporções globais, mas para continuar melhorando as condições de vida de seus cidadãos. As obras continuarão e serão finalizadas, num esforço sem precedentes.
Agora, a pouco mais de trinta dias para os jogos começarem, é hora de se preparar para celebrar. De cada um sentir-se embaixador do próprio país e acolher os visitantes e os próprios brasileiros. Mostrar que apesar dos problemas que ainda temos, somos um país de natureza exuberante, hospitaleiro, trabalhador, que exporta simpatia, alegria e criatividade para o mundo. Um país que ao longo dos últimos anos vem se consolidando como uma democracia vibrante, uma economia dinâmica, e com inclusão social. Receberemos turistas de todo o Brasil, e de dezenas de países, a grande maioria nos visitando pela primeira vez. Queremos que sintam-se em casa e que voltem sempre.
Vinicius Lages, Ministro do Turismo.