Os 103 anos de Porto Velho
A capital de Rondônia nasceu de uma estrada de ferro e mesclou os costumes amazônicos com a diversidade cultural de outros povos brasileiros na fronteira com a Bolívia
Por Geraldo Gurgel
A história de Porto Velho, que comemora 103 anos nesta segunda-feira (02), está diretamente ligada à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, iniciada em 1907 para o transporte da borracha extraída da floresta e responsável pela ligação do município à Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia. Hoje, a ferrovia é um importante atrativo turístico na capital, sendo que 7 dos 366 km da estrutura original foram restaurados para fins turísticos.
Entre os atrativos centenários, a Vila Candelária, e o complexo cultural de galpões, estação, museu ferroviário, vagões e locomotivas remontam às origens da cidade, banhada pelo rio Madeira, fundada 7 anos depois, em 2 de outubro de 1914. As Três Marias, caixas d`água construídas em módulos metálicos trazidos dos Estados Unidos, também são símbolos históricos de Porto Velho e destacam-se na paisagem urbana.
Crédito: Embratur
As praias dos Periquitos e da Areia Branca, os passeios de barco pelo rio Madeira e a badalada Calçada da Fama são atrativos turísticos que mostram a intimidade da cidade com o “braço direito” do rio Amazonas e uma das principais ligações de Porto Velho com outras cidades da região. A viagem mais longa, até Manaus, dura 3 dias de navegação. São 1.450 km de extensão desde a Cordilheira dos Andes. A cachoeira de Santo Antônio, a força das corredeiras e a reserva extrativista do Lago Cuniã, entre o Alto e o Baixo Madeira, demonstram a diversidade de atrativos naturais, de ecoturismo e aventura de Porto Velho. Já na margem do rio Guaporé, outro patrimônio natural do município, fica o Real Forte Príncipe da Beira, próximo da fronteira com a Bolívia. É o principal monumento do patrimônio histórico de Rondônia.
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O Palácio Getúlio Vargas, antiga sede do governo, hoje Museu Palácio da Memória Rondoniense; a Catedral Sagrado Coração de Jesus e a igreja de Santo Antônio do Rio Madeira estão entre as referências arquitetônicas e religiosas de Porto Velho. Outro marco da cidade é o Mercado Central onde, além da diversidade do artesanato amazônico, o turista encontra pratos típicos da região. A variedade de peixes de água doce - dourado, surubim, tambaqui e tucunaré - exerce forte influência na culinária local. Aos sabores e temperos herdados dos povos da floresta, une-se também a gastronomia dos colonos nordestinos - que trabalharam como soldados da borracha e, depois, garimpeiros - e também dos gaúchos que mais tarde ocuparam a região com o agronegócio.
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A histórica Vila de Santo Antônio de onde, inicialmente, partiria a estrada de ferro abriga a antiga Capela de Santo Antônio de Pádua (1914), a Cachoeira de Santo Antônio e a hidrelétrica de mesmo nome, cuja obra, assim como a estrada de ferro, atraiu milhares de pessoas para o estado. Já o Centro Cultural Indígena, além de ser uma referência sobre os nativos da região, conta a história do Marechal Cândido Rondon.
Aliás, o nome do estado é uma homenagem ao sertanista, responsável pela ligação, por telégrafo, entre o litoral e o interior do Brasil. No final do século XIX o país já se comunicava com a Europa, mas ainda não fazia ligações internas. Rondou percorreu 77 mil quilômetros desbravando os sertões, inclusive territórios indígenas. Ele foi um dos idealizadores da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.