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Turistas exploram o topo do Cerrado

Expedições na Chapada dos Veadeiros refazem trilhas por onde passaram índios ameaçados de extermínio, escravos em fuga e garimpeiros em busca de ouro e cristal

  • Publicado: Segunda, 08 de Mai de 2017, 10h45
  • Última atualização em Segunda, 08 de Mai de 2017, 10h47

Por Geraldo Gurgel


Crédito: Fernando Correa

Região mais alta do Planalto Central, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade.  Não foi por acaso que o “coração” do Brasil ganhou esse título. Além da diversidade da fauna e flora protegida em um parque nacional, a beleza cênica da região é outro atrativo. Do emaranhado de montanhas e nascentes descem rios formando corredeiras, cânions e cachoeiras que deixam os visitantes deslumbrados. A energia e o clima de paz ainda propiciam abrigo para comunidades espirituais, exotéricas e de vida alternativa com seguidores do mundo inteiro.

A chegada do asfalto facilitou a exploração dos atrativos turísticos de Alto Paraíso e Cavalcante, mas são, principalmente, as estradas de terra e caminhos quase apagados do mapa que conduzem os visitantes aos encantos da Chapada dos Veadeiros. A partir de São Jorge, um antigo acampamento de garimpeiros e sede do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, hoje uma referência do ecoturismo, as trilhas são bem sinalizadas dentro da área de proteção.

Entre as diversas trilhas está a que leva o visitante até as Sete Quedas com pernoite no interior do parque. Quem tem mais tempo e disposição pode percorrer até 80 km de trilhas históricas, ainda carentes de sinalização, no entorno do parque. Fazendas e agricultores familiares oferecem pouso com opções de camping e comida caseira para os andarilhos.


Créditos: Fernando Correa

A Agência de Notícias do Turismo acompanhou durante três dias a caminhada de cerca de 50 km de uma expedição de Brasília com nove trilheiros, amantes do turismo de aventura, equipados com GPS, mapas e, claro, mochilas. A cada subida ou descida íngreme o esforço era recompensado pela paisagem deslumbrante do mosaico de montanhas, penhascos e grotões; e pelos banhos refrescantes nas cachoeiras dos rios Preto, São Miguel, Cordovil, Couros e Segredo. Mais adiante todos eles se juntam e formam o Tocantins rumo ao Amazonas. “Aqui no alto passa a impressão de que caminhamos pelo topo do Cerrado”, comenta o fotógrafo Fernando Correa, autor das imagens da expedição que ilustram esse texto.

Ainda há vestígios do garimpo e pecuária que marcaram a economia da região desde a colonização. Desse passado mais remoto, quilombolas preservam os costumes e o isolamento dos ancestrais que fugiram da escravidão. Os sítios arqueológicos registram a presença humana dos primeiros habitantes da região, antes dos colonizadores.


Crédito: Fernando Correa

Cavalcante é um exemplo do passado e presente da Chapada dos Veadeiros. Alto Paraíso, antiga Veadeiros, referência aos cães caçadores de veados da fazenda que deu nome ao local, é o centro desse novo ciclo de exploração econômica. Há um movimento de conciliação e equilíbrio para o aproveitamento turístico dos atrativos naturais de forma racional em benefício da população local. É o turismo ambiental assegurando a sustentabilidade de pequenos negócios. Ainda que trilhando caminhos diferentes, é possível conhecer a Chapada dos Veadeiros pelo topo do Cerrado.

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