Em Pernambuco, Parque das Esculturas homenageia a cultura nordestina
Esculturas gigantes de granito a céu aberto povoam a paisagem do agreste pernambucano
Por Geraldo Gurgel
Crédito: Danilo Borges/ MTur
Quem visita Fazenda Nova durante a temporada de espetáculos da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém (PE), tem mais um motivo para se encantar com as belezas naturais da região de Caruaru (PE), principal centro comercial e de produção de arte e de cultural popular do agreste nordestino. Ao lado da cidade-teatro, em Brejo da Madre de Deus, fica o Parque das Esculturas Monumentais Nilo Coelho. O passeio pela antiga fazenda de 60 hectares pode ser feito a pé ou de carro. Além do turista conhecer a paisagem árida da região repleta de pedras, palmas e cactos, o passeio leva o visitante ao encontro de esculturas gigantes que retratam o cotidiano da região e da cultura popular.
Se o principal atrativo de Fazenda Nova é o maior teatro ao ar livre do mundo, com 100 mil metros quadrados, e seus nove cenários onde milhares de espectadores acompanham a encenação da Paixão de Cristo por noite, as esculturas retratam outra arte muito comum na região, o trabalho de talhar e esculpir a pedra granito em grandes obras. Assim como a cidade-teatro, o parque é visita obrigatória para quem faz turismo na região de Caruaru durante a Semana Santa ou fora da temporada de espetáculos da Paixão de Cristo.
Somente nesta semana o agente de viagem Moisés Feitosa, de Caruaru, tem grupos agendados de Natal, Aracaju, São Luiz e Teresina visitando o agreste pernambucano. As esculturas que entram no roteiro turístico regional são obras de muitos dos 50 artesãos que ergueram há 50 anos as muralhas, torres e cenários da réplica de Jerusalém, onde também prevalece a arte da cantaria (trabalho em pedras tralhadas e esculpidas).
Créditos: Danilo Borges/ MTur
Enormes blocos de granito viraram esculturas entre dois e sete metros de altura e levaram até 3 meses para serem esculpidas. As 37 peças foram agrupadas por temas em nove setores do parque Nilo Coelho. Ao longo do passeio, o turista se depara com gigantescas figuras de homens e mulheres trabalhando na roça e nos afazeres domésticos, como a mulher do pilão; produzindo artesanato, como a rendeira; em atividades sociais, como sanfoneiros e violeiro; e religiosas, como a rezadeira e o beato. Não faltam as figuras do cangaço como Lampião e Maria Bonita, que ainda hoje povoa o imaginário popular nordestino e do rico folclore regional. A disposição das esculturas facilita a compreensão da formação da cultura local e da gente nordestina.
O parque é resultado da expressão de um povo simples, quer trabalha na pedra bruta as imagens poéticas do som, dos sonhos, dos mitos e dos heróis nordestinos. Os cerca de 50 canteis, artesãos que trabalharam na construção do teatro e das esculturas gigantes eram agricultores que moravam no entorno da Nova Jerusalém e saíram da roça para lavrar a pedra. O mestre deles foi Manoel Cazé, já falecido, imortalizado em um monumento, juntamente com Plínio Pacheco, idealizador do teatro, por ocasião dos 50 anos da Paixão de Cristo.
CARUARU – A inspiração para tanta arte popular é encontrada na Feira de Caruaru. Lá, o turista vivencia formas, costumes e figuras emblemáticas da poesia, música, folclore e religiosidade. As pequenas esculturas de cangaceiro, mulher rendeira e Padre Cícero, entre tantas outras, esculpidas em troncos de umburana de cheiro contrastam com as gigantes de pedra. Ainda em Caruaru, no Alto do Moura, fica o centro de produção artesanal da arte figurativa herdada do Mestre Vitalino, artesão que transformava o barro em miniaturas do cotidiano nordestino.