Modelos de fortificações nacionais são apresentados em Recife (PE)
Fortes e fortalezas de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro representam exemplos para a gestão de espaços do tipo no Brasil
Por André Martins
Debate reúne representantes de fortes e fortalezas em Recife (PE). Crédito: Gustavo Messina
A gestão e o aproveitamento turístico de fortes e fortalezas foram o foco dos debates desta quinta-feira (06) no Seminário Internacional Fortificações Brasileiras - Patrimônio Mundial, que ocorre em Recife (PE). O evento reúne gestores públicos para a troca de experiências e a definição de um modelo de administração e a valorização de 19 monumentos do tipo distribuídos em 10 estados do país.
Maria de Betânia Corrêa, gestora do Forte das Cinco Pontas - sede do encontro -, destacou o papel do espaço no fomento ao turismo. Ela ressaltou que o forte, de responsabilidade da prefeitura da capital pernambucana e que abriga o Museu da Cidade do Recife, também recebe eventos e mostras relacionados à cultura local, contribuindo para a atração de visitantes.
“Em 2016, nós recebemos 60 mil visitantes nacionais e estrangeiros interessados nas exposições e no nosso acervo de imagens e mapas. E esse número vem crescendo se comprado a 2015, quando foram registrados 40 mil visitantes. Isso pode aumentar muito a partir de parcerias com o setor turístico”, previu.
Originalmente construído em formato pentagonal por holandeses em 1630, o forte, tombado como Patrimônio Nacional em 1938, desempenhou papel-chave contra invasões até a ocupação por portugueses, em 1654. A estrutura foi reconstruída no final do século XVII já com layout retangular e apenas quatro pontas.
Já Liliana de Mello, diretora-executiva do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia (IDES), citou benefícios do trabalho de recuperação e musealização da Fortaleza de Tapirandú, em Morro de São Paulo (BA). A representante do IDES, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) responsável pelo espaço, defendeu a importância do desenvolvimento de produtos turísticos ligados ao monumento.
“Esse é um trabalho de resgate do turismo cultural na região, que é um grande ponto de visitação do nosso país. Morro de São Paulo tem um turismo continuado, de pessoas que voltam muito ao local. Isso mostra o quanto é importante expor todo o processo de restauração e de oferta ao público”, salientou.
Construído em 1630 e tombado como Patrimônio Nacional no ano de 1938, o forte remete ao século XVII, quando foi palco de batalhas e conflitos na proteção da Baía de Todos os Santos. Sua localização estratégica permitia a prevenção de invasões e tornava o espaço o maior sistema defensivo do país à época.
O coronel Júlio Teodorico, comandante do Museu Histórico do Exército do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), por sua vez, apontou o forte apelo turístico-cultural da fortaleza. Ele enfatizou que o espaço, construído entre 1908 e 1914, oferece atrativos além do farto acervo militar.
“O museu explica como era feita a segurança da Baía de Guanabara. Existe até um espaço de curiosidades, com cerca de 15 mil peças. E o forte também recebe eventos como encontros de chorinho, corais, peças de teatro e bandas militares, além de oferecer a Confeitaria Colombo, que atraem vários interessados”, afirmou.
Com Gestão realizada pelo Exército e tombado como Patrimônio Nacional no ano de 2011, o Forte de Copacabana, que em 2016 recebeu 392,3 mil visitantes, teve suas funções bélicas encerradas em 1987. O espaço, situado entre as praias de Copacabana e do Arpoador, proporciona ainda uma bela vista da orla.
PARCERIAS - Ainda nesta quinta-feira, a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, pregou a união de esforços pela adequada gestão de fortificações. Ela lembrou que o Brasil ocupa o 10º lugar entre os países com mais bens registrados como Patrimônio Mundial e pontuou que o fato gera grande responsabilidade em termos de preservação.
“É preciso harmonizar o esforço do Ministério do Turismo em promover esses destinos com o empenho e a obrigação do Iphan de preservar esses monumentos e o esforço do Ministério da Defesa, porque ocupam (os militares) esses equipamentos”, defendeu Bogéa.
COMPROMISSO - O ponto principal do seminário, promovido pelo Iphan em parceria com os ministérios do Turismo, da Cultura e da Defesa, é a candidatura de um Conjunto de Fortificações do Brasil a Patrimônio Mundial pela UNESCO. A relação de fortes e fortalezas integra a Lista Indicativa brasileira a Patrimônio Mundial, documento que engloba bens culturais e sítios naturais.