Turismo de observação atrai visitantes e preserva atrativos ecológicos
As atividades turísticas de base comunitária proporcionam educação ambiental, além de gerarem emprego e renda
Por Geraldo Gurgel
Porto de Pedras visto do alto. Crédito: ICMBio
Garantir a preservação ambiental por meio do turismo é uma das premissas das Nações Unidas para o ano de 2017, declarado pela ONU como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. Em Porto de Pedras (AL), o trabalho da Associação Peixe-boi, que realiza atividades e serviços envolvendo a comunidade na proteção do animal e no atendimento a visitantes, colocou o distrito de Tatuamunha no mapa do turismo alagoano e da proteção da espécie que está ameaçada de extinção.
O roteiro ecológico faz parte das opções de passeios turísticos da Costa dos Corais, Área de Proteção Ambiental que envolve 13 municípios alagoanos e pernambucanos. São 135 quilômetros de costa rica em capim agulha, alimento do peixe-boi no ambiente marinho preservado.
A comunidade pode receber até 70 visitantes por dia. Durante o passeio de jangada no rio Tatuamunha os turistas acompanham a interação entre os peixes-boi marinho e podem observar também sua reprodução, alimentação e descanso. O mamífero aquático mais ameaçado de extinção - existem somente 500 na costa brasileira - pode viver até 50 anos. Chega a medir 4 metros e pesar até 600 quilos.
Peixe-boi marinho. Crédito: ICMBio
O passeio de contemplação inclui, ainda, a beleza e riqueza da biodiversidade do mangue, considerado o berçário do oceano. O caranguejo Uçá e o Goiamum estão entre as iguarias retiradas do mangue pelos ribeirinhos. A visita de observação ao peixe-boi também beneficia outras atividades como a produção artesanal e o trabalho de pescadores, condutores e remadores.
Mas os turistas podem aproveitar para observar animais em outros destinos. O turismo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha tem, entre os destaques do roteiro ecológico, a observação de golfinhos rotadores. O arquipélago tem a maior concentração da espécie no mundo. É a região onde os mamíferos aquáticos em vida livre estão mais acessíveis para a população, por meio do turismo. Em 2016, o parque recebeu 91 mil visitantes.
TAMAR – O projeto que revolucionou a luta pela preservação das tartarugas marinhas fez da praia do Forte, em Mata de São João (BA), um dos principais destinos turísticos do Brasil. O museu do Tamar recebe 600 mil turistas por ano. Além da conservação e pesquisa, o projeto promove a educação ambiental nos ecossistemas marinho e costeiro e o desenvolvimento sustentável comunitário.
Tartaruga marinha em seu habitat natural. Crédito: Projeto Tamar
O exemplo da praia do Forte se repete em 25 bases de nove estados ao longo de 1,1 mil quilômetros de costa. A observação nos períodos da desova e do nascimento dos filhotes faz parte do roteiro turístico. A visitação se repete nas unidades com potencial turístico. O litoral de Sergipe possui a maior concentração de ninhos de tartaruga no país. Já a base de Florianópolis encerrou 2016 com mais de um milhão de visitantes.
BALEIA JUBARTE – O turista também encontra na praia do Forte um espaço informativo e interativo sobre a baleia Jubarte (o outro fica em Caravelas, no sul do estado). A costa da Bahia, principalmente o arquipélago de Abrolhos, na divisa com o Espírito Santo, é o maior berçário da espécie. A observação das baleias de perto, pelos turistas, ocorre no período de reprodução, de julho a agosto, e no extremo sul do estado até novembro.
Comportamentos típicos como a “espiadinha” na superfície e as brincadeiras com as nadadeiras encantaram os turistas que se aventuraram em 187 cruzeiros realizados em 2016. As ilustres visitantes chegam a medir 16 metros e 40 toneladas em alto mar. A costa do Brasil chega a receber a visita de 9 mil animais por ano.
A “avistagem” é uma ferramenta eficiente de conservação das baleias, agregando valor econômico à sua proteção. Entre as vantagens do turismo de observação estão: impacto ambiental mínimo; caráter educativo; geração de emprego e renda para ambientes remotos e de pouca atividade comercial; incentivo ao setor hoteleiro e demais segmentos do turístico; contribuição para pesquisa científica e sensibilização da população para o desenvolvimento sustentável. Outros destinos de observação das baleias jubarte são: Itacaré, Morro de São Paulo e Porto Seguro, todos na Bahia.