Hotel de Minas Gerais promove sustentabilidade e preservação ambiental
Comuna de Ibitipoca valoriza a comunidade local, reaproveita a água da chuva, gera energia solar e faz o plantio de espécies nativas
Por Rafael Brais
Ministro Marcelo Álvaro Antônio entrega mencão honrosa ao complexo Comuna do Ibitipoca, projeto que alia turismo e sustentabilidade e está mudando o potencial da região. Crédito: Roberto Castro/MTur
Imagine tomar café da manhã no meio da natureza, com araras voando livremente e tucanos passeando pelas dependências do hotel. E, depois, andar por uma propriedade integrada à natureza e que prima pela sustentabilidade: reaproveita a água da chuva, gera energia solar, faz o plantio de espécies nativas. Além disso, tem horta, apiário e fabricação caseira de alimentos de todos os tipos. Ah... e a maioria dos funcionários são moradores da região.
Fundada em 1984, a Comuna do Ibitipoca é um projeto socioambiental no qual a natureza está integrada ao hotel. É um espaço que busca uma relação harmônica entre o ser humano e a natureza. A propriedade tem uma extensão de mais de 5000 hectares, das quais 99% estão em processo de ReWild: recuperação da flora e fauna nativas da Mata Atlântica. O projeto recebeu uma Menção Honrosa durante a cerimônia da 2ª edição do Prêmio Nacional do Turismo, realizada pelo Ministério do Turismo, no início deste mês, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
A Comuna se estende pelos municípios de Lima Duarte, Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca, contornando e atuando como um cinturão de proteção para o Parque Estadual do Ibitipoca. O próprio hotel destaca que suas ações são orientadas pelo bem-estar do planeta e das pessoas. “Trabalhamos para a criação de um ambiente fértil para o florescimento da felicidade, e acreditamos que isso deve ser feito de maneira holística, envolvendo a fauna, a flora e a comunidade local”.
No site da Comuna do Ibitipoca, referências a uma das metas da Agenda 21, instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira: “adotar a sustentabilidade para mudar os rumos do crescimento econômico global ambientalmente predatório e socialmente excludente”.
A diretora de Relações Institucionais da Comuna de Ibitipoca, Cláudia Baumgratz, explicou que o projeto pode ser classificado como um espaço experimental. “Uma esponja, uma obra aberta. A gente começou como reserva ambiental, há 30 anos, e percebeu que podíamos fazer algo pela comunidade de onde vinham as terras para a preservação”, explicou.
Para promover a regeneração da floresta, a Comuna comprou pequenas propriedades locais e, a partir disso, passou a integrar a comunidade, com a propriedade e com a natureza. “A gente viu que o turismo sustentável é uma forma de permitir que aquela senhorinha continue fazendo sua rosquinha no fogão à lenha, a fazer sua própria farinha, pegar sua lenha para uso próprio. O turismo valoriza isso, e é uma forma de reter as famílias no campo”, disse.
Aberta há dez anos, a Comuna de Ibitipoca disponibiliza aos turistas vários conceitos de hospedagem, oferecendo experiência integradas à natureza em níveis diferenciados. O Engenho Lodge foi concebido em uma fazenda reconstruída com material de demolição, mão de obra local e com valorização da arquitetura local. “Tinha que ser uma forma sustentável e valorizar as pessoas e as tradições locais”, detalha Cláudia.
Em termos de hotelaria, é a opção rodeada pela natureza, mas com um nível alto de conforto, baseado nos pilares gastronomia, spa e atividades outdoor. “Temos várias opções de passeios, em trilhas, mirantes, grutas. E, na gastronomia, tudo é feito diretamente na fazenda, natural e orgânico. De dia, a boa comida mineira no fogão a lenha, e de noite um jantar assinado por Claude Troisgros”.
Desde 2018, a propriedade passou a buscar outros conceitos de hospedagem. Além disso, disponibilizaram espaço para a Ibitipoca University, um centro de estudos para atrair cientistas, políticos, executivos para usaram como local de inspiração. “E discutirem sobre o futuro da sustentabilidade do planeta, repensarem as formas de como nos relacionamos com a natureza”, explicou.
Nesse contexto, surgiram as Villages, antigas casas de moradores rurais que, reformadas, foram transformadas em lofts para oferecer aos visitantes uma opção mais simples que a do Lodge. “Do lado de fora, são casinhas simples e, por dentro, são charmosos, em um conceito minimalista”, comentou.
O terceiro conceito de hospedagem foi classificado como Remote. São propriedades afastadas para quem quer um contato mais profundo com a natureza. Até lá, só ó possível chegar na caminhada, por bicicleta ou a cavalo. Segundo Cláudia, a água é captada da chuva, aquecimento via serpentina e “um visual indescritível”. “Uma dessas acomodações fica no topo mais alto de nossa reserva e é toda autossustentável”.
A Comuna de Ibitipoca planeja ainda lançar uma quarta possibilidade de desfrutar do local. A “Travessia” vai propor uma experiência completa, na qual o hóspede vai poder conhecer todos os conceitos de hospedagem da propriedade em uma única viagem. “Serão cinco noites e ela vai atravessar toda a Comuna e experimentar todos esses meios de hospedagem, podendo usufruir de toda a estrutura”.