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ECOTURISMO

Turismo sustentável no Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes

Abertura de Alcatrazes para o turismo, no litoral paulista, concilia atividade de mergulho, conservação do arquipélago e desenvolvimento econômico da região

  • Publicado: Quarta, 26 de Dezembro de 2018, 15h12
  • Última atualização em Quarta, 26 de Dezembro de 2018, 15h12

Por Geraldo Gurgel

26 12 18 ALCATRAZES SP
Litoral Norte de São Paulo. Crédito: divulgação Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

O ecoturismo ganha mais um destino de mergulho. O Refúgio de Alcatrazes, na costa de Ilhabela e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, acaba de ser aberto para a prática de mergulho autônomo e visita embarcada com mergulho de flutuação. A atividade turística segue proibindo o desembarque dos turistas nas ilhas que formam o Arquipélago de Alcatrazes. Após o mergulho e observação da vida marinha no entorno das ilhas para contemplar a paisagem, que inclui o maior ninhal de fragatas do Atlântico Sul, os visitantes reembarcam e retornam para o continente a 35 quilômetros.

A visitação pública gera renda e movimenta a economia local, além de promover oportunidades de inclusão social e agregar valores culturais aos produtos turísticos regionais. A nova atividade turística movimenta uma cadeia de serviços, criando novos postos de trabalho diretos e indiretos e outras atividades econômicas como hotéis e restaurantes. Pelo apelo e demanda de uso público, o Refúgio de Alcatrazes tem potencial para ser um destino indutor de um segmento turístico qualificado, voltado para atividades náuticas e de mergulho. A região conta com 25 mil embarcações.

As normas foram criadas para minimizar os impactos do turismo e proporcionar uma experiência de qualidade para os visitantes associada ao estímulo da percepção ambiental que valorize a área protegida. “O processo foi conduzido pelos gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) com a participação da Marinha do Brasil, operadores de turismo, pesquisadores e conselheiros. O planejamento participativo incorporou as demandas dos diferentes setores em instrumentos flexíveis de gestão e descentralizados que foram pensados para atender as necessidades locais”, disse Kelen Luciana Leite, chefe da Estação Ecológica Tupinambás e Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes.

Os operadores e condutores já foram cadastrados e capacitados. Já os turistas são sensibilizados através de um vídeo de divulgação das normas para os visitantes. As embarcações autorizadas passaram por adequações para retenção total de resíduos, além disso foram instalados pontos para parada das embarcações no arquipélago evitando danos no fundo marinho pelo toque de ancoras, proporcionando maior segurança para a operação. O local era interditado para navegação e fechado à visitação pública. Antes da unidade de conservação, a área servia para treinamentos militares, hoje realizados na ilha da Sapata, fora da área protegida do Refúgio de Alcatrazes.

O arquipélago de Alcatrazes impressiona pela beleza natural e abriga expressiva biodiversidade marinha. O refúgio tem por objetivos conservar espécies ameaçadas, endêmicas e migratórias. É a maior unidade de conservação marinha de proteção integral das regiões Sul e Sudeste, responsável pela reprodução e reposição dos estoques pesqueiros. São cerca de 1.300 espécies marinhas, entre plantas, peixes, e aves, além de répteis e anfíbios que estão isolados a cerca de 12 mil anos. As tartarugas marinhas encontram no arquipélago refúgio ideal para alimentação. Há também ocorrência de baleias e golfinhos.

PONTOS DE MERGULHO - Com cerca de 8 mil quilômetros de costa, o Brasil tem muitos lugares incríveis, tanto para se apreciar as belezas marinhas como para mergulhar em água doce e até em cavernas. Ainda no litoral paulista, além de Ilhabela e São Sebastião, Ubatuba e Santos estão entre os principais pontos de mergulho com grande variação da fauna marinha e naufrágios de navios cargueiros e até de passageiros que se transformaram em morada de espécies marinhas. Já o entorno da Ilha de Santa Catarina, que abriga a capital Florianópolis, está repleto de áreas de mergulho, como o Arquipélago Arvoredo, em Bombinhas.

O Rio de Janeiro também está entre os melhores lugares para a prática de mergulho. A transparência da água e a fauna marinha diversificada reservam momentos de surpresa aos mergulhadores. Arraial do Cabo e Búzios, na Região dos Lagos, e Paraty e Ilha Grande, na Região de Angra dos Reis, são os destinos favoritos dos mergulhadores. Na Bahia, começando por Salvador, a Ilha dos Frades, na Baia de todos os Santos, está entre os atrativos imperdíveis para os mergulhadores. Outro destino de mergulho é Morro de São Paulo, na Ilha de Tinharé, em Cairú. Mas a grande atração está em Caravelas, no sul do estado, onde há uma cadeia de montanhas submersas e as baleias Jubarte costumam nadar nas águas do arquipélago de Abrolhos.

O arquipélago de Fernando de Noronha (PE), ocupa a lista dos melhores locais para mergulho do mundo. O Parque Nacional Marinho é patrimônio natural da Unesco. A visibilidade no entorno da ilha principal é de até 50 metros de profundidade, onde se mergulha entre tartarugas marinhas, golfinhos, arraias, moreias e até tubarões. Já Recife é o paraíso dos mergulhadores com mais de 25 naufrágios.

Porto de Galinhas oferece mergulho nas piscinas naturais alcançadas em passeios de jangada. Mergulhos semelhantes são feitos nas praias de Maracajaú, no Rio Grande do Norte, e em Maragogi, Paripueira e Pajussara, entre outros pontos de mergulho do litoral de Alagoas. Já as águas de Guarapari (ES) estão entre as mais ricas em biodiversidade para quem aprecia as belezas submarinas da costa do Brasil.

Jardim e Bonito (MS) estão entre os destinos mais procurados pelos amantes de mergulho e flutuação em água doce. Destacam-se os rios da Prata, Sucuri e Formoso. As cavernas alagadas da região também oferecem mergulho, como no Abismo Inhumas, com 72 metros de profundidade, acessado de rapel. O mergulho de cilindro permite observar as estalactites submersas. A visibilidade chega a 40 metros de profundidade.

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