Pernambuco colhe resultado de R$ 450 milhões investidos por programa do MTur
Recursos beneficiaram cidades como Fernando de Noronha, Olinda e também Bonito, que agora desponta entre os principais destinos do interior do estado
Por Geraldo Gurgel
Passeio de Bondinho no entardecer virou atrativo disputado no interior pernambucano. Foto: Divulgação Prefeitura de Bonito (PE)
De clima ameno e serrano, a cidade de Bonito (PE) está ainda mais atraente para o turista, que agora pode apreciá-la de um novo ângulo. O teleférico recém-inaugurado, responsável por uma ampla transformação econômica no destino, é uma das benfeitorias realizadas com recursos da primeira fase do Prodetur Nacional, programa de crédito do Ministério do Turismo iniciado em 2008.
O equipamento faz parte de um pacote de investimentos no valor de R$ 450 milhões (em valores atualizados) do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), recursos que promoveram uma completa revitalização turística em diversos municípios pernambucanos. O programa foi criado pelo MTur para fortalecer a infraestrutura turística nos estados.
Para o secretário nacional de Estruturação do Turismo do MTur, Totó Parente, os investimentos transformam Pernambuco em exemplo do que o turismo é capaz de realizar pelo desenvolvimento econômico e social do Brasil. “Projetos estruturantes multiplicam capacidade de geração de negócios, empregos e renda. O estado pernambucano está apenas começando a capitalizar esses investimentos viabilizados via Ministério do Turismo e BID, com perspectiva de atrair mais visitantes e desenvolver seus destinos em um novo patamar", pontua.
Em Bonito, os bondinhos ligam o centro histórico ao Monte Serrat, onde fica uma capela com mirante, lojas e café. A viagem dura 12 minutos. Os meios de hospedagem já somam 1.200 leitos, além de áreas de camping e novos serviços como restaurantes, bares, lanchonetes e empresas de receptivo para atender os visitantes em atividades que incluem, por exemplo, o turismo rural. Viajantes também podem desfrutar de cachoeiras e atividades radicais como rapel, trilhas, arvorismo, tirolesa e voos de balão, amplificando a vocação do destino para o ecoturismo e o turismo de aventura.
Além do teleférico, o município de Bonito ganhou também um plano de gestão turística e uma agência local de desenvolvimento. A secretária executiva do Prodetur em Pernambuco, Manuela Marinho, comemora os ganhos: “a gente quer o turismo como vetor de fomento e desenvolvimento econômico e social. O teleférico está mudando a economia da cidade de Bonito e a vida das pessoas para melhor”, avalia.
Segundo pesquisa realizada na cidade durante o feriadão da Independência, de 7 a 9 de setembro, 38% dos hóspedes dos hotéis e pousadas apontaram o novo atrativo como motivo da escolha de Bonito na Semana da Pátria. Por causa do teleférico, a permanência média dos visitantes e a taxa de ocupação da hoteleira aumentaram. “Além de ampliar a divulgação espontânea do destino, atraindo mais turistas, outros atrativos da cidade ganharam visibilidade e também passaram a ser visitados”, destaca o guia de turismo Patrick Serapião, que antes conduzia os visitantes apenas para os atrativos naturais na zona rural do município.
Ainda em Pernambuco, primeiro estado a finalizar os investimentos contratados com o BID pelo Prodetur Nacional, do Ministério do Turismo, foram realizadas obras no Museu Cais do Sertão, localizado no antigo porto do Recife; requalificação de ruas do Centro Histórico da capital, como o calçadão da Avenida Rio Branco; recuperação de monumentos históricos como os fortes Orange, na Ilha de Itamaracá e de Santo Inácio, em Tamandaré; restauração do Mercado de Olinda; iluminação cênica das pontes do Recife Antigo; além da pavimentação de 18 ruas e construção de uma usina de compostagem em Fernando de Noronha. Também foram realizados estudos de capacidade de carga e mercado turístico, avaliação ambiental estratégica e inventário de atrativos naturais e culturais do estado.
O pacote de investimentos no turismo pernambucano totalizou US$ 125 milhões, sendo US$ 75 milhões do BID e US$ 50 milhões de contrapartida.
HISTÓRIA DO PRODETUR – O Prodetur Nacional teve início em 2008, com US$ 1 bilhão em recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Os contratos foram assinados por cinco estados (BA, CE, RJ, PE e SE) e três capitais (Salvador, Fortaleza e Manaus). “Além dos financiamentos, apoiamos várias obras e planos de desenvolvimento integrado, de fortalecimento institucional e de avaliação ambiental ao longo desses 10 anos”, explica o coordenador-geral de Planejamento Territorial do Ministério do Turismo, Eduardo Madeira.
O novo Prodetur+Turismo substituiu o Prodetur Nacional, com maior abrangência de projetos elegíveis e contemplando a área privada. Podem acessar recursos do Prodetur+Turismo todos os municípios inseridos no Mapa do Turismo Brasileiro. Anteriormente, apenas estados, capitais e cidades com mais de um milhão de habitantes tinham acesso ao programa. Em 2018, o programa disponibilizou R$ 5 bilhões do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dos quais mais de R$ 3,12 bilhões já estão em análise para financiamentos de projetos turísticos de infraestrutura pública e de empreendimentos privados de todo o Brasil.
Edição: Vanessa Sampaio