Caminhos de Ferro
Eram quatro amigos nascidos em Nova Santa Rosa, pequeno município do Oeste do Paraná. Depois da adolescência, três deles deixaram a cidade. Anos depois, resolveram se reencontrar. Essa é parte da história do grupo de mais de 20 pessoas — formado por casais, adultos, jovens e muitas crianças — que, em outubro, embarcou para um passeio na Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá.
Embalada pelos sacolejos da ferrovia, que desenvolve a velocidade média de 28 quilômetros por hora, a professora Mariane Schiewe lembra que a opção pelo trem foi unanimidade no grupo. “As crianças adoraram a viagem de Curitiba até Morretes, e, por isso, resolvemos pegar o trem também na volta". O passeio faz parte de um importante roteiro turístico do Paraná, que remonta à história da colonização do sul do Brasil.
A circulação do trem, um cartão postal do Paraná, é hoje restrita para o atendimento ao turista. O trajeto original de Curitiba até Paranaguá, com 110 quilômetros de extensão e operado desde 1880, funciona somente aos domingos. Nos outros dias, o passageiro, vindo da capital paranaense, deve desembarcar em Morretes, cidade histórica distante 42km de Paranaguá.
O trem abre caminho para o litoral paranaense, onde Ilha do Mel é um dos locais mais procurados, e para outros atrativos do estado. Foi o encantamento com a urbanidade de Curitiba e a curiosidade em relação ao passeio de trem que colocaram os cariocas Jorge de Jesus e Luciene Boulay nos trilhos da ferrovia. “Sempre ouvi dizer que Curitiba é uma cidade modelo. A agência nos ofereceu esse passeio e estou adorando”, comenta Jesus.
“Olhe à direita a cachoeira Véu de Noiva... a Garganta do Diabo.. o túnel construído em 1883... o cânion Ipiranga”, vai apontando o guia Jonas Rabelo, que há dois anos conduz turistas de todo o Brasil e do mundo pelas linhas sinuosas da Serra do Mar. Paulista de nascimento, conhece cada curva e abismo no caminho da Curitiba-Paranaguá, que é uma espécie de memória viva da história de ferrovia no país.