Mais que uma paisagem e um hotel
“Faça seu destino trabalhar para o seu hotel” foi um dos temas discutidos durante o segundo dia do 52º Conotel, no Rio de Janeiro (RJ). Para atrair um número expressivo de turistas a um destino turístico, é necessário que os representantes regionais do setor – governamentais, privados e sociedade - se reúnam para criar alternativas inovadoras e que encantem o turista.
Esta é opinião da coordenadora de Regionalização do Ministério do Turismo (MTur), Ana Clévia Guerreiro Lima, painelista do debate. “Não basta apenas ter um hotel. E necessário tem uma série de atrativos que mantenha o turista na cidade por mais dias e faça com que ele volte mais vezes”, explicou.
A coordenadora está à frente do Programa de Regionalização, que faz parte do Plano Nacional de Turismo 2007-2010 e pretende estruturar 65 destinos com padrão de qualidade internacional. Em sua apresentação, Ana Clévia falou sobre a metodologia do programa e da importância da criação de grupos gestores locais, que contribuam para o futuro do turismo nas regiões:
“Não dá para pensar em um equipamento turístico isoladamente, é preciso pensar nele como um todo. Como o seu destino estará posicionado no mercado daqui a dez anos?”, disse, exemplificando. Segundo a coordenadora, vários grupos gestores criados com apoio do MTur tem obtido sucesso e já tem resultados muito positivos.
Natal Luz – Felipe Peccin apresentou um caso que mostra justamente os frutos de uma gestão ativa, composta por representantes dos diversos segmentos do setor. Ele e a família são proprietários de um hotel localizado em Gramado (RS) e que tem mais de 20 anos.
A alta temporada da região ocorre no inverno. No verão, os turistas sumiam da cidade. Para driblar o baixo fluxo de visitantes nesta época, em 1986, o pai de Felipe sugeriu aos empresários e gestores locais a criação de um evento em dezembro, o Natal Luz, inspirado nos festival natalino da Disney.
E deu certo. O público aumenta a cada ano até hoje. Atualmente, o Natal Luz não se resume mais a apenas uma orquestra tocando em um coreto. “São 17 atrações diferentes, que somam mais de 500 apresentações. O evento está na 25ª edição e é o maior do gênero do Brasil”, conta Peccin.
Em 2009, recebeu um milhão de visitantes em 70 dias de atração. Mais de 60% dos visitantes eram de fora do estado. A hotelaria de Gramado, no ano passado, chegou a 82% de ocupação durante o Natal Luz, taxa maior do que no inverno. Para realizar a última edição, foram R$ 12,3 milhões de investimentos, que geraram uma riqueza de R$ 370 milhões para o Estado.
Para o empresário, Gramado é hoje um destino estruturado graças à gestão local que passa pelas mãos de todo o setor. “Não fique esperando que somente o atrativo turístico vá encher o seu hotel. Gramado foi uma visão de pessoas que acreditaram que o turismo poderia ser trabalhado. Plantamos flores, construímos lagos, fizemos eventos. Oferecemos mais que o inverno e hotéis”, complementa.