As viagens de Ariano Suassuna
Brasília (22/11) - Ariano Suassuna diz que nada entende de turismo. No entanto, depois das muitas histórias sobre as andanças pelo país, mostra que seu ofício tem relação estreita com uma das principais matérias-primas dessa atividade: as tradições culturais do povo brasileiro.
“O Brasil se desconhece”, diz o autor de O Auto da Compadecida e de A Pedra do Reino, ressaltando a “unidade e a diversidade do povo brasileiro”. Durante palestra no Festival de Gramado, Suassuna citou escritores, filósofos, cantadores e mostrou vídeos de danças embaladas por ritmos brasileiros, costurando uma colcha de retalhos da identidade nacional.
Com lirismo e empolgação, fala dos atrativos que o Brasil tem para oferecer. “Os profetas do Aleijadinho são uma obra universal”, disse ele, referindo-se às esculturas do artista, expostas ao ar livre em Congonhas do Campo (MG). Da mesma forma que o são, na opinião dele, os cantadores anônimos do sertão nordestino e os saberes tradicionais colhidos nas muitas viagens realizadas de Norte a Sul do país.
Aliás, foram os profetas de Aleijadinho que inspiraram o dramaturgo no seu mais novo e ousado projeto: a construção de um santuário, composto por 16 imagens sacras, com 3,5 metros de altura. Esculpidas em granito, estão dispostas em círculo e simbolizam o profano e o sagrado. O santuário fica em São José do Belmonte, na divisa da Paraíba com Pernambuco. O lugar é cenário também para a cavalgada inspirada no romance A Pedra do Reino.
A participação do Ariano Suassuna foi articulada no âmbito do projeto “Tradição Brasil”, apoiado pela Coordenação-geral de Produção Associada ao Turismo, do Ministério do Turismo.