MTur trabalha na criação de programa nacional de Turismo Gastronômico
Anúncio foi feito durante mesa-redonda virtual promovida pela Pasta na Abav Collab
Por Vanessa Castro
MTur e especialistas conversaram sobre o desenvolvimento do turismo gastronômico durante ABAV Collab. Crédito: Divulgação
O Ministério do Turismo anunciou que vem trabalhando na criação de um programa nacional para a valorização e o desenvolvimento do turismo através da gastronomia. A declaração foi feita nesta quarta-feira (30.09), durante mesa-redonda virtual promovida pela ABAV Collab sobre o tema. Ainda durante o encontro, especialistas da área conversaram sobre estratégias para impulsionar o segmento e o desenvolvimento sustentável do setor.
O debate foi mediado pela diretora de Inteligência Mercadológica e Competitiva do Turismo do Ministério do Turismo, Nicole Facuri, e foram convidados para compor a mesa a doutora em desenvolvimento sustentável, mestre em Turismo e professora de gastronomia, Ana Paula Jacques, e o mestre em preservação do patrimônio cultural, diretor do Departamento do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Fabrício.
Representando o Ministério do Turismo, Nicole Facuri, destacou que, além da promoção e qualificação, é necessária uma série de estratégias estruturantes para impulsionar este segmento que se relaciona com outras áreas do turismo.
“O turismo gastronômico tem relação direta com o turismo de base comunitária e pode ser um vetor de fomento e fortalecimento desse turismo, principalmente pensando em desenvolvimento local e regional. A matéria prima da cultura e da gastronomia podem trazer uma infinidade de produtos de experiência e fomentar o turismo criativo, um segmento muito promissor no Brasil, um terreno fértil e ainda pouco explorado”, ressaltou Facuri.
O diretor Departamento do Patrimônio Imaterial do Iphan, Hermano Fabrício, lembrou que este ano é celebrado os 20 anos da política do patrimônio imaterial, e um grande apelo da construção dessa política veio da gastronomia. “Os alimentos evocam, simbolizam e representam. Quando se come um acarajé ou um queijo produzido em Minas Gerais, você está consumindo história e cultura. A busca pelo reconhecimento dessas práticas culturais é uma estratégia que as comunidades têm para o fortalecimento da sua identidade e da sua memória”, explicou.
O acarajé, um dos Patrimônios Imateriais do Brasil, faz parte da identidade turística, cultural e gastronômica baiana. Crédito: Márcio Filho/MTur
Hermano esclareceu, ainda, que os princípios do Patrimônio Imaterial são focados em ações de preservação, não dos objetos e produtos, mas sim dos processos produtivos e dos sujeitos que praticam essa cultura, preservando e assegurando a continuidade histórica daquela prática sem tirá-la de seu contexto e de sua realidade. Segundo ele, a política de patrimônio é transversal e integrada, e a aproximação com o turismo é uma estratégica de desenvolvimento sustentável das comunidades.
Em sua fala, Ana Jacques destacou que nas últimas décadas a gastronomia teve um salto significativo, onde restaurantes e experiências culinárias passaram a ser atrações turísticas e, muitas vezes, o principal motivador das viagens. Para ela, o aumento da notoriedade do segmento ocorreu, em boa parte, pelo aumento do investimento em qualificação, promoção e na valorização da produção agrícola e dos ecossistemas locais. Medidas deste tipo, segundo Jaques, levaram países como Peru, México, França e Espanha a serem reconhecidos internacionalmente por suas riquezas culinárias.
“A gastronomia é uma ferramenta de valorização da nossa cultura, dos nossos biomas, e 20% da biodiversidade do planeta está no Brasil. Para fortalecer esse conceito, o MTur, as secretarias estaduais e municipais de Turismo, o meio acadêmico e o setor privado precisam ter momentos como este, promovido pela Pasta, para discutirmos a gastronomia como indutora para o desenvolvimento sustentável e para a promoção e atratividade do país”, destacou.
Edição: Victor Maciel