Festival São João na Rede permite celebrar as tradicionais festas juninas sem sair de casa
Evento reforça as matrizes tradicionais do forró e serve como subsídio para registro do gênero musical como Patrimônio Cultural do Brasil
Por Vanessa Castro, com informações do Iphan
O acordeão é um dos principais instrumentos que compõem o ritmo nordestino. Crédito: Luiz Santos
O mês de junho é conhecido pelas tradicionais festas juninas, populares no nordeste do país, mas presentes em todo o Brasil. Em decorrência da pandemia, as celebrações foram suspensas, mas o festival “São João na Rede - O forró que a gente gosta” pretende manter a fogueira acesa. O evento online começa nesta sexta-feira (12.06) e terá 14 dias de programação tendo o forró como foco dos festejos.
A iniciativa, criada em parceria entre o Fórum Forró de Raiz Nacional e suas representações estaduais, a Associação Cultural Balaio Nordeste e a Associação Respeita Januário, vai reunir mais de 200 artistas que levarão música e entretenimento à casa dos brasileiros.
As atrações mostram a dimensão multifacetada do forró através de shows, dança, oficinas, debates, rodas-de-conversa com mestres e mestras do gênero musical, além de atividades gastronômicas, recitação de poesia e exibição de documentários. As transmissões serão realizadas nos canais do YouTube e Instagram . (Confira mais informação no site do festival).
Atualmente, o forró passa pelo processo de instrução técnica para o seu reconhecimento oficial como Patrimônio Cultural do Brasil por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Dessa forma, o festival reforça as matrizes tradicionais do forró e contribui como fonte de pesquisa para o registro, ao reunir diversos formatos de atrações e conteúdo desse universo cultural.
De acordo com o coordenador da pesquisa de registro, Carlos Sandroni, o Festival está mobilizando forrozeiros e possibilitando à equipe de trabalho expandir muito as redes de contatos. “Estamos tendo acesso a informações e podendo conhecer melhor, e sob ângulos diferentes, o que esse grupo tão grande e diversificado pensa sobre a questão da patrimonialização desse bem cultural”.
AÇÃO SOLIDÁRIA - O Festival também tem como objetivo criar um fundo solidário destinado a profissionais da cadeia produtiva do forró que estão em situação de vulnerabilidade por causa do distanciamento social. As doações poderão ser realizadas pelo público por meio de uma plataforma online. Já as pessoas que participam do festival e pretendem receber o benefício, devem preencher o formulário no site do evento até o dia 30 de junho. Uma comissão de avaliação será formada para selecionar os que serão beneficiados.
REGISTRO - Em setembro de 2011, a Associação Cultural Balaio do Nordeste encaminhou ao Iphan o pedido de registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então, foram realizados encontros, fóruns e audiências públicas para discutir o processo de reconhecimento, abordando os potenciais, significados e limites da política de Patrimônio Cultural.
Para que um bem seja registrado pelo Iphan é necessário possuir relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira.
Edição: Victor Maciel