Festa do Çairé movimenta turismo de Alter do Chão
Festival dos botos cor-de-rosa e tucuxi é um dos atrativos do badalado distrito localizado às margens do rio Tapajós, em Santarém (PA)
Por Geraldo Gurgel
Crédito: Cristino Martins/ Ag. Pará
Antes de se encontrar com o Amazonas, em Santarém - oeste do Pará -, o rio Tapajós se despede da floresta com um espetáculo de praias de águas cristalinas e areias alvas e finas como talco. Localizado a 37 km de Santarém, Alter do Chão recebe turistas do mundo inteiro. E, com as águas baixas, a temporada do verão amazônico no distrito que oferece dezenas de quilômetros de praias fluviais tem seu ponto alto na festa do Çairé.
A cidade é palco da disputa entre os botos cor-de-rosa e tucuxi marcada para acontecer entre os dias 21 e 25 de setembro. A encenação de mais de 300 anos é de origem religiosa, quando os jesuítas introduziram a música e a dança na catequese dos índios. Aos rituais religiosos ligados ao Divino Espirito Santo, ainda presentes na festa, se misturam os ritmos do carimbó e lundu.
O Çairódromo é o local da festa marcada pela apresentação das lendas amazônicas que resultam em uma animada e acirrada disputa entre as agremiações folclóricas que representam os botos do rio Tapajós. O ponto alto da festa é o confronto entre os botos.
Apesar de a data do festival ser móvel, ele sempre acontece em setembro e o calendário já está definido até 2020. A iniciativa permite que os movimentos culturais, além da rede hoteleira e agências de viagens, dentro e fora do Brasil, se programem com antecedência para melhor atenderem os turistas. No próximo ano, o festival será realizado de 20 a 24 de setembro. Em 2019, de 19 a 23 de setembro, e em 2020, entre os dias 17 e 21 de setembro.
Durante os dias do Çairé aproveite para conhecer o Lago Verde, a Ilha do Amor, o Morro da Piraoca, o Lago e a Praia do Muretá, o Lago do Jurucuri, o Lago das Piranhas, a Praia da Moça, o Lago e a Praia do Jacaré. Não perca o encontro dos rios Tapajós e Amazonas, onde as águas não se misturam; e a Floresta Nacional do Tapajós com suas comunidades ribeirinhas.
Crédito: Cristino Martins/ Ag. Pará
A gastronomia de Alter do Chão é rica em sabores e temperos da Amazônia. São pratos de peixes como pirarucu, tambaqui, tucanaré e filhote. O tradicional pato no tucupi merece destaque, além dos sucos e doces de frutas da floresta. A cultura tapajônica também é rica no artesanato indígena e sítios arqueológicos.
É no período da vazante - as águas baixam a partir de junho - que a vila recebe mais turistas. A badalação das praias começa em agosto. Em novembro, o nível do rio atinge o nível mais baixo. Por outro lado, entre os meses de dezembro a maio, a chuva faz com que as águas subam lentamente, atingindo o ponto máximo. As praias e ilhas do Tapajós somem da paisagem e o balneário volta a ser uma pacata vila de caboclos. Chega-se em Alter do Chão pelo aeroporto de Santarém ou de barco, em uma viagem pelo rio Amazonas até Santarém. São dois dias de viagem a partir de Manaus. Saindo de Belém, chega-se ao destino em três dias. Uma lenta e rica experiência conhecendo as belezas e a vida da Amazônia.
Crédito: Nailana Thiely/ Ag. Pará
CURIOSIDADE – Alter do Chão ficava na rota do látex do empresário americano Henry Ford que, em 1928, criou um projeto de produção de borracha na Amazônia. Primeiro em Fordlândia, município de Aveiro; depois em Belterra (1933). O projeto foi abandonado em 1945 e Fordlândia virou uma cidade fantasma. Já Belterra mantém as características de cidade americana no meio da floresta.