Inovação em turismo: os projetos brasileiros na ‘copa do mundo’ das startups
Conheça um pouco mais dos representantes do país selecionados pelo MTur e o Wakalua para participar da competição global da OMT no segmento
Por André Martins
Dez projetos brasileiros disputam as semifinais da 3ª competição global de startups da Organização Mundial do Turismo (OMT), organizada em parceria com o Wakalua Innovation Hub e que busca o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). As iniciativas foram escolhidas no 1º Desafio de Inovação em Turismo, organizado pelo Ministério do Turismo e o Wakalua e que mirou soluções para a retomada do setor no pós-pandemia.
O torneio nacional, cujos resultados foram anunciados no final de setembro, teve como grande vencedora a Worldpackers, de São Paulo. Lançada em 2015, a plataforma online conecta viajantes e anfitriões de todo o planeta, permitindo uma imersão cultural nos destinos visitados. Segundo o CEO da empresa, Ricardo Lima, a ideia se baseia no voluntariado, de forma que turistas convertam a oferta de habilidades em acomodação e experiências locais.
“A gente incentiva pessoas a viajarem se voluntariando. É uma comunidade com mais de dois milhões de pessoas, em mais de 100 países, que ajudam com habilidades como em hospitalidade, agricultura e projetos sociais. Então, é um ganha-ganha, em que todos se beneficiam”, explica Lima. Com o primeiro lugar no Desafio, ele conquistou uma viagem a Madri (Espanha), onde participará de treinamento e vai acompanhar a Fitur 2021, a maior feira de turismo do mundo.
A segunda colocação coube à Vivakey, também de São Paulo, que oferece ferramentas para a digitalização de hotéis. Rony Stefano, representante da startup, frisa que o projeto proporciona melhorias a empresas e clientes. “A Vivakey opera uma fechadura exclusiva, desenvolvida por nós. Uma vez feita a reserva e o pagamento, o hóspede pode entrar no hotel e no seu quarto por meio de um aplicativo, com reconhecimento facial ou senha na fechadura”, detalha.
Já a disponibilidade de franquias voltadas à operação de buggys elétricos, alimentados por energia solar, fez da paranaense eiON a terceira empresa mais bem posicionada no Desafio. O fundador Milton dos Santos Júnior frisa que a sustentabilidade é o norte do projeto. “A gente oferece um quiosque modular de locação de automóveis que pode ser instalado em agências de turismo, hotéis. Tudo controlado por um aplicativo de interface muito fácil”, ressalta.
Lançada em julho deste ano, a competição brasileira recebeu a inscrição de um total de quase 800 projetos, oriundos de 24 estados e do Distrito Federal, que foram avaliados por líderes do turismo e da tecnologia no país. A seleção integra uma cooperação firmada entre o MTur e o Wakalua para o desenvolvimento de uma estratégia nacional de inovação na área, que também envolve a implantação de um hub da entidade no Brasil.
Conheça a seguir os trabalhos dos demais finalistas do 1º Desafio Brasileiro de Inovação em Turismo:
b2bhotel (PR) - Startup que proporciona segurança à contratação de profissionais temporários pela hotelaria. Um aplicativo da empresa permite controlar riscos de passivos trabalhistas inerentes à atividade, além de informações sobre pagamentos realizados, reduzindo custos fixos e apoiando a empregabilidade de milhares de prestadores de serviços.
Gear Ventures (SP) - Tecnologia para celulares que estrutura experiências de pagamento e remessas mais eficientes, modernas e inclusivas, a partir do uso de tecnologia blockchain. Trata-se de um registro global, transparente, inviolável e rastreável, que permite diminuir despesas e facilita a distribuição de benefícios a empresas de pequeno porte do setor turístico.
iFriend (RJ) - Plataforma de marketplace que conecta viajantes a guias locais, profissionais ou a pessoas com grande conhecimento sobre a cultura da região visitada, proporcionando experiências personalizadas e exclusivas. Possui mais de 5.200 colaboradores cadastrados, como guias, fotógrafos, professores, artistas e universitários, entre outros.
Sentimonitor (RS) - Sistema de pesquisa capaz de identificar o comportamento e o interesse de viajantes na internet, como sites, blogs e redes sociais. Por meio de inteligência artificial e big data, os dados são segmentados de acordo com os filtros aplicados, gerando gráficos, indicadores, tendências e insights quanto à percepção de turistas em relação as suas experiências.
Sisterwave (DF) - Comunidade global de apoio mútuo entre mulheres, por meio de uma plataforma que permite viajar com mais segurança. Um aplicativo proporciona às usuárias se cadastrar como viajante para se hospedar na casa de outras mulheres ou ser anfitriã. O sistema tem vantagens como fazer turismo de maneira mais imersiva e econômica, além de realizar pagamentos online.
Smart Tour / Smart tracking (SC) - Plataforma voltada ao rastreamento de viajantes infectados pela Covid-19, por meio de tecnologia QR Code. Identifica estabelecimentos comerciais e pessoas que tiveram contato com indivíduos testados positivos para a doença no período anterior ao diagnóstico, fornecendo informações a autoridades de saúde e alertando os envolvidos.
Tripbike (SP) - Sistema que conecta ciclistas clientes com praticantes experientes da modalidade em mais de 280 roteiros de cerca de 90 cidades brasileiras. O aplicativo também disponibiliza cobertura contra acidentes pessoais, e todos os guias cadastrados passam por capacitação regulada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
OMT - A terceira competição global de startups da OMT, organizada conjuntamente com o Wakalua e que terá vencedores divulgados em novembro, visa a acelerar a superação de desafios como a erradicação da pobreza e o crescimento econômico a partir do pleno emprego. As 17 melhores ações (uma para cada ODS) garantirão benefícios a exemplo de acesso à rede de inovação da OMT e da apresentação a estados-membros da entidade e investidores.
Edição: Rafael Brais